Coisas parvas que as pessoas dizem

"O Parque das Nações tem demasiados prédios."

Típico da mentalidade "urbanística" portuguesa: todos andamos ainda convencidos que quanto mais espalhada estiver uma cidade, melhor (errado: quanto mais concentrada, menos trânsito é necessário, mais massa crítica para cultura, empresas, etc. existe, menos subúrbios são necessário), que quanto menos prédios em altura pior (errado: depois admiram-se da necessidade de fazer prédios em altura nos subúrbios, onde, realmente, se vive muito melhor...), que quanto menos gente na cidade e mais espaços vazios melhor (errado: conjugar tudo e criar uma rede verdadeira de habitação, emprego, cultura, etc. é que deve ser feito, como foi feito, neste caso).

A mentalidade "urbanística" portuguesa, quando lhe prometeram uma "cidade imaginada", imaginou: então tem de ser uma cidade com muito poucos prédios e muitos espaços verdes, uma espécie de planície arborizada com uns tantos montes aqui e ali. Deram-lhe uma cidade relativamente bem pensada, com muitos prédios (com habitação e empresas e serviços e comércio para evitar a suburbanização da coisa) e muitos espaços verdes (basta visitar com olhos de ver, não olhar de longe para os prédios). Há poucos (ou nenhuns) bairros de Lisboa com mais arborização (já passaram pela Alameda dos Oceanos na Zona Norte do Parque, junto à antiga "Vila Expo"?) e mais bem planeados. E nenhum tem um Parque Tejo, considerado o melhor parque da cidade.

Mas claro que é sempre mais giro, mais "lúcido", mais "inconveniente" dizer que a Expo se desvirtuou, que há prédios a mais, que foi tudo mal pensado, etc., etc. O que se faz bem nunca é bem visto porque não fica bem.

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