Sou Separatista porque gostava de não ser Nacionalista

Na área dos separatismos, a coisa anda animada: o Quebeque viu o Parlamento canadiano reconhecer-lhe o carácter (óbvio) de Nação; a Escócia começa a pensar seriamente em ser independente (segundo sondagens recentes, aproximadamente 52% dos escoceses e 59% (!) dos ingleses querem a independência da Escócia*); a Catalunha lá aprovou um abstruso Estatuto quase socialista (no pior sentido do termo) que afirma que a maioria do Parlamento acha que a Catalunha é uma Nação (que voltas a língua dá para não dizer certas coisas...).

Pois, apesar de muitos acharem que isto mostra o ressurgir dos nacionalismos, dos sectarismos, dos ismos em geral, para mim (e esqueçam por momentos que sou catalão), é bom sinal: quanto mais separatismo, menos nacionalismo. Enquanto português (que também o sou), posso afirmar-me pouco nacionalista ou nada nacionalista e continuar a falar português, a vibrar com a Selecção Portuguesa, a cantar o hino, a defender a independência do país sem me acusarem de perigoso radical; enquanto catalão, o caso muda completamente de figura: se o quero ser (e não é uma questão de querer ser, no meu caso), tenho de ser profundamente nacionalista e, consequentemente, mal visto.

Ou seja, quero a independência da Catalunha também para não ter de estar constantemente a dizer que sou catalão. Quero a independência da Escócia, para que as tensões crescentes entre ingleses e escoceses sobre as transferências monetárias desapareçam. E por aí fora.

Além de tudo isto, sem independência, as nações tendem a agarrar-se aos aspectos étnico, linguístico e exclusivo de cada povo. Independentes, podem ser mais abertas, integradoras, descomplexadas, livres. Afinal, a independência é só isso: liberdade. Aqui como lá.


*Cf. The Economist desta semana, p. 40.

1 comentário:

Unknown disse...

Aliás se recuarmos no temo talvez essa opressão do nacionalismo basco tenha algo a ver com a ndependência de Portugal ...