Há pouco, numa conversa de café, lá ouvi de novo invectivar contra o "excesso de construção" do Parque das Nações. Isto irrita-me, por várias razões. Sim, é verdade que aquilo é uma espécie de galinha dos ovos de ouro para as construtoras: mas preferiam que a Expo '98 tivesse sido paga com o dinheiro dos contribuintes? Depois, as criticas chegam ao ponto de dizer que aquilo parece a Reboleira, mas com mais espaço entre os prédios. Ora, aquele é o espaço da cidade com mais espaços verdes; quase todos os prédios são incomparavelmente mais bem feitos e originais que no resto da cidade; o equilíbrio entre espaços de lazer, residenciais e empresariais é um sonho para qual outro bairro do país. Além disso, às críticas subjaz uma atitude subdesenvolvida para com a cidade: muitos acham que quanto menos concentrada, melhor a cidade. Ou seja, preferiam mesmo é viver numa aldeia. A cidade deve ser concentrada, para evitar excesso de trânsito, deve ter mais prédios em altura, para descer os preços das casas (o facto é que, com muito mais qualidade, os preços na Expo não são assim tão mais elevados que no resto da cidade) e trazer pessoas para o centro, deve incentivar o uso do espaço público, como acontece na antiga Expo.
Com todos os defeitos que existem no projecto (que raros destriçam, ficando tudo por um muito fino "aquilo não presta"), andar a criticá-lo à toa e a compará-lo à Reboleira não é lucidez: é pessimismo cego e doentio. O bom seria ver o que se fez bem e o que se fez mal e discutir e não deitar abaixo uma das poucas coisas que o resto do mundo reconhece ter realmente sido bem feita pelos portugueses (não a Expo, mas o projecto urbano...).
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